Ministério da Saúde avança no tratamento da hemofilia no País
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Desde de 2013, 12 mil pacientes passaram a ter acesso a Fator VIII Recombinante, medicamento fundamental para controle da doença
No dia Internacional da Hemofilia, celebrado nesta sexta-feira (17), o Ministério da Saúde faz um balanço e apresenta os avanços no tratamento da doença. Graças às ações implementadas pela Política Nacional de Sangue e Hemoderivados nos últimos anos, os cerca de 12 mil hemofílicos do País dispõem hoje de tratamentos como o Fator VIII Recombinante (Hemo 8-R), considerado o mais moderno medicamento para hemofilia A. O medicamento passou a ser disponibilizado nos postos de atendimento do Sistema Único de Saúde em 2013 graças a uma parceria do governo com a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).
A doença
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de portadores de coagulopatias (enfermidades do sangue). Diante deste cenário, desde 2004 a Coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) desenvolve uma política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias, trabalhando tanto no fornecimento de pró-coagulantes, quanto no fomento da assistência prestada a estes pacientes.
A hemofilia se apresenta por dois tipos – A ou B –, atinge predominantemente o sexo masculino e não tem cura. A doença, que vitimou personalidades como o cartunista Henfil e seu irmão, o sociólogo Betinho, é grave, hereditária e genética. Entre os sintomas registrados estão as hemorragias e sangramentos constantes.
Desde 2011, o Ministério da Saúde passou a promover uma série de avanços na política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias. Tratamentos como a Imunotolerância e Profilaxia Primária, garantiram, de forma preliminar, melhorias visíveis na qualidade de vida dos pacientes.
No mesmo ano, o tratamento domiciliar deixou de ser considerado de urgência e passou a ser de prevenção e promoção à saúde, uma vez que foi recomendada pelo Ministério da Saúde a ampliação das doses domiciliares. A iniciativa foi fundamental para paciente submetido ao tratamento, oferecido pelo SUS.
Em 2012, o Ministério da Saúde recomendou a Profilaxia Secundária, que passou a ser realizada de duas formas. Na modalidade de curta duração, o tratamento, com reposição do fator coagulante, é administrado de maneira intermitente por tempo determinado (3 a 12 meses) para tratamento de sangramentos frequentes e complicações.
Pode ser aplicada a pacientes com qualquer uma das formas de hemofilia. Já na de longa duração, o tratamento de reposição é administrado de maneira periódica e ininterrupta a longo prazo (45 semanas por ano), iniciado após duas ou mais hemartroses (sangramento para o interior da articulação) ou após os dois anos de idade. A profilaxia secundária de longa duração é destinada somente a pacientes com hemofilia A ou B grave.
O conjunto de medidas adotado pelo Ministério da Saúde possibilitou, em maio de 2014, o reconhecimento da Federação Mundial de Hemofilia à Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde pela contribuição na promoção do cuidado e tratamento das pessoas com hemofilia e outras doenças hemorrágicas no Brasil.
Hemo 8-R
Considerado como o tratamento mais moderno no mundo para a hemofilia tipo A, o fator VIII recombinante, rotulado com a marca Hemo-8r, é resultado da parceria pública privada (P&P) firmada pela Hemobrás para transferência e desenvolvimento de tecnologia de produção deste medicamento em 2013. Em dezembro de 2014, os produtos resultados do acordo foram disponibilizados no SUS com a marca da Hemobrás.
Foram distribuídas 542,5 milhões UI de Fator VIII recombinante entre junho de 2013 e março de 2015. Entretanto, o Ministério da Saúde já disponibilizava o Fator VIII plasmático para o tratamento dos pacientes com Hemofilia A. Durante o ano de 2014, foram distribuídas 268 milhões.
“Estamos utilizando esse tratamento pela facilidade da produção, já que independe das doações de sangue, como acontece com o fator VIII plasmático”, afirma o o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, João Baccara. Segundo ele, o País não tem como produzir o fator VIII plasmático para disponibilizar a todos hemofílicos. “Não temos plasma das doações suficiente para gerar 600 milhões de unidades. O recombinante, veio, exatamente, para suprir essa carência da produção do fator plasmático”, explica.
De acordo com o coordenador, fator VIII recombinante é mais fácil de produzir, pois não depende das doações de sangue. “Então, somado ao fator plasmático, o Ministério tem condições de ampliar a oferta dos produtos e o acesso dos hemofílicos ao tratamento”, complementa Baccara.
Em menos de dois anos foram distribuídos mais de 1,2 milhão de frascos do recombinante para os hemocentros de todo o Brasil. A distribuição de Fator VIII recombinante ocorre de forma regular com 35 milhões UI/mês, o que corresponde a 70% da necessidade mensal de Fator VIII utilizado no tratamento dos pacientes com hemofilia A.
Os outros 30% da demanda são atendidos com Fator VIII plasmático e distribuídos para pacientes acima de 30 anos de idade por questões de planejamento.
Em 2014, foram disponibilizados para a Hemorrede Pública nacional cerca de 625 milhões de UI de Fator VIII, superando a meta de 3UI per capita preconizada pela Federação Mundial de Hemofilia. No mesmo ano, as modalidades de tratamento Profilaxia Primária e Imunotolerância foram oficializadas em Portarias Ministeriais 364 e 478, respectivamente.
Por: Portal Brasil