Lula: “Quero andar pelo País para mexer com consciência do povo”
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Ex-presidente iniciou caravana Lula Pelo Brasil em Salvador, nesta quinta-feira (17). Ele lançou o Memorial da Democracia no Estado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou, nesta quinta-feira (17), na Bahia, a jornada que fará pelo Nordeste do Brasil. Em Salvador, ele deu início ao projeto Lula pelo Brasil, que percorrerá 25 cidades, em 20 dias. Segundo o presidente de honra do PT, a caravana terá como objetivo “mexer com a consciência do povo brasileiro”.
O primeiro ato do ex-presidente foi a inauguração do Memorial da Democracia, na Arena Fonte Nova. “É por isso que eu resolvi andar pelo País. Eu quero andar para aprender com o povo que está acontecendo nesse país que está subordinado a um grupo de pessoas que nunca teve competência para ser presidente e cassaram um mandato”, afirmou Lula, com a platéia pedindo “ Fora Temer, e leve o ACM (prefeito de Salvador).
Ele disse ter muito orgulho de ter indicado duas pessoas para a Petrobras: José Eduardo Dutra e Sérgio Gabrielli. Lula defendeu a importância de reconstituir a história. Isso porque, segundo ele, a história é sempre recontada pelos dominadores, então, ao invés da história verdadeira, é ensinada a história que queriam que o povo aprendesse.
O ex-presidente exaltou a história da Bahia, lembrou da dominação colonial, do martírio dos indígenas e da escravidão. Mas ele também reforçou que, na Bahia, começou a resistência do povo brasileiro, como exemplo a luta contra a escravidão, a luta contra a chibata, a repressão nas ruas, ditaduras, exílio, tortura e morte nos porões, além da fome e da pobreza.
“Entre tantos heróis da liberdade, quero reportar 3 mulheres: Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Teresa. É um privilégio falar de história e de liberdade numa terra que tem tanto a ensinar”.
O ex-presidente também criticou a decisão que suspendeu a entrega do título honoris causa, pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). “Esse título foi me dado em 2011. Um vereador do DEM entrou com um processo e o juiz federal resolveu suspender o título. Eu queria falar para esse vereador que ele tem o direito de não gostar de mim porque ele é do DEM. Quem é do DEM não precisa gostar de mim, porque eu não gosto deles”
“O que eles não sabem é que já recebi o título quando fui aprovado na universidade. Então eu era dono disso. Talvez esse vereador ele está com medo que eu receba o título pelo que vamos fazer daqui pra frente”, disse.
No entanto, Lula garantiu que verá de perto o povo de Cruz das Almas nesta sexta-feira (18). “Quero dar um beijo na testa do reitor, dos professores e estudantes. E dizer pra que eles não se preocupem com a formalidade do título. O que interessa é o reconhecimento”.
Lula ainda disse que fica “pessoalmente orgulhoso” quando vê depoimentos de pessoas dos mais distantes lugares do País, com o avanço de vida dessas pessoas.
“Tenho orgulho de encontrar quem diz: sou o primeiro médico da minha família! Sou diplomada, sou advogado. Esse é o orgulho que eu vou carregar para o resto da vida”
Lula despertador de consciência
Durante o discurso, o ex-presidente disse ter orgulho de ter vivido o período mais exitoso da política brasileira. “Eles sabem que, quando nós ganhamos a Presidência, a gente tinha disposição de provar que um outro Brasil era possível. E que era possível colocar meninas e meninos negros da periferia em uma universidade. O problema é que eu queria era provar que o único lugar que a gente pode garantir igualdade de condições é colocar os dois (brancos e negros) numa mesma sala de aula”
“Eu tinha certeza que isso ia acontecer. Quando criamos o ProUni, apesar do preconceito, 18 meses depois, os alunos do ProUni eram melhores.Quando aprovaram o Enem, fomos muito criticados por quem era dono da famosa indústria do vestibular”, lembrou.
Lula voltou a criticar a política econômica do golpista Michel Temer e os desmontes promovidos pelo governo usurpador. “O desemprego já chegou 14 milhões de pessoas. O governo Temer vai aumentar o ajuste fiscal, reter mais empregos. Se um governante governa um país e esse país tem uma crise e ele não tem competência para resolver e começa a vender o patrimônio desse país, esse governo deveria pedir desculpas e ir embora”, disse o ex-presidente.
Durante o lançamento do memorial, o ex-presidente também falou sobre a “vergonha” que o Brasil tem de construir heróis, lembrou a história da da Proclamação da República, e disse não se incomodar com toda a perseguição que tem sido feita contra ele.
“Eu estou com medo do que está acontecendo com milhões de crianças, porque o Brasil voltou para o Mapa da Fome”.
“Eu queria dizer para eles: a ideia da liberdade, da democracia, da participação social, é uma ideia muito forte. Não adianta achar que acabando com Lula acaba com isso. O problema do Brasil não é Lula, são os milhões e milhões de brasileiros que têm consciência política”.
Ao final do discurso, Lula garantiu ter forças para lutar pelo País. “Estou com 71 anos com a vontade de lutar como se tivesse 30. Eu não sou nenhum revolucionário. Sou despertador de consciência”.
A história do Museu da Democracia
Sobre o Museu da Democracia, Lula reforçou a importância de ter “um museu de verdade”. “A gente tinha um sonho, que foi até uma ideia do Fernando Haddad, de que a gente deveria reivindicar, junto a uma Universidade Federal, não a construção de um instituto apenas para guardar os acervos do presidente, mas criar o Memorial da Democracia para contar história”.
Agora, lembra Lula, eles estão sendo processados, pois foram acusados de ter um terreno em São Paulo. Mas ele voltou a negar a acusação. “Eu fui nesse terreno uma única vez para que Okamotto me dissesse: nós não vamos comprar porque vou reivindicar um terreno da prefeitura de São Paulo”.
Ele conta de recebeu convites de diversas cidades para construir o museu, mas decidiu fazer em São Paulo porque é a maior cidade brasileira e o ex-prefeito Gilberto Kassab havia aceitado a ideia de fazer a doação, mandou a proposta de projeto, a Câmara da cidade aprovou, foi encomendado um estudo para o prédio, mas o Ministério Público embargou a doação. “Até agora está embargado e proibido de ser nosso. Está na Cracolândia o terreno. Se o prefeito (João Doria) já invadiu a Cracolândia, imagine com um museu lá?”, questionou.
Assista ao discurso do ex-presidente
Fonte: Agência PT de Notícias
Foto: Ricardo Stuckert