Alckmin autoriza segunda cota de volume morto no Cantareira
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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), novamente deu demonstrações de que a crise no abastecimento de água no Sistema Cantareira está sem rumo.
Depois de dizer de que não haveria necessidade de nova cota de“volume morto” nas represas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) busca autorização para captar 116 bilhões de litros de reserva nos reservatórios, além dos 182,5 bilhões usados desde maio.
Enquanto isso, o MPF (Ministério Público Federal) recomenda o racionamento para evitar o colapso.
Durante visita em Diadema, na tarde de segunda-feira (28/07), Alckmin tentou amenizar a nova solicitação da Sabesp de captação de reserva técnica, que totaliza em 400 bilhões de litros.
De acordo com o governador, se chover a partir de setembro, a companhia não terá a necessidade de usar a segunda cota de volume morto no Cantareira.
“A Sabesp, corretamente, está deixando preparada caso haja necessidade”, minimizou.
Mesmo com o PSDB estando no comando do Estado de São Paulo desde 1995, Alckmin prefere culpar o tempo pela crescente crise no Sistema Cantareira, que teve o volume útil zerado pela primeira vez na história no começo deste mês, dependendo apenas da reserva técnica.
“Tivemos a maior seca dos últimos 100 anos, estamos a 700 metros de altitude do nível do mar e temos 22 milhões de pessoas. Não falta água”, complementou.
Para usar mais 116 bilhões de litros de reserva nos reservatórios, a Sabesp precisa de autorização dos órgãos competentes para fazer a captação do volume morto, a ANA (Agência Nacional de Águas), Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
Racionamento – Embora na prática a Sabesp adote racionamento em bairros da Capital, Alckmin voltou a negar o controle do uso de água, classificando os casos como “coisas pontuais”.
Entretanto, o MPF recomentou, nesta segunda-feira, ao governo paulista que o racionamento seja aplicado a fim de evitar um colapso no Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios que abastece 45% da Região Metropolitana.
A Promotoria se baseia em estudo da Unicamp, no qual indica que o volume do Sistema Cantareira pode secar totalmente em menos de 100 dias.
A preocupação do MPF contrata com as declarações de Alckmin, que descarta o racionamento durante o período eleitoral, em que disputa a reeleição pelo comando do Palácio dos Bandeirantes, e estabeleceu apenas a concessão de descontos a quem economizar água.
Alckmin e a Sabesp têm 10 dias para informar as providências a serem tomadas em relação à recomendação.
O MPF não descarta a adoção de medidas judiciais caso o governo estadual e a companhia paulista não atendam à medida.