A falácia da reforma das unidades de saúde em Santo André: três meses e nenhuma obra
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Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
Fechadas para reforma há quase três meses, sete unidades de Saúde de Santo André ainda aguardam o início das obras. Denominado QualiSaúde, o programa – alvo de críticas por parte da população e cujo investimento é de R$ 4 milhões – prevê areabertura dos equipamentos a partir do fim do próximo ano e início de 2019.
A equipe do Diário voltou, na tarde de ontem, aos sete espaços, onde, conforme cronograma da administração fornecido em agosto, já deveriam ser realizadas a demolição de alvenaria e de pisos, além da retirada de entulho. Moradores do entorno dos equipamentos afirmaram, no entanto, que a única movimentação observada é a de retirada de móveis e demais objetos. Em nenhum dos locais foram encontrados funcionários ou maquinário específico de obras.
O cenário encontrado ontem foi praticamente o mesmo visualizado pela equipe do Diário no dia 18 de agosto, quando percorreu os mesmos sete espaços. O único prédio onde se nota intervenção física é o da UBS (Unidade Básica de Saúde) Vila Humaitá. Por lá, foram retirados alguns azulejos da parte externa.
Com a interrupção do atendimento de Saúde no dia 1º de agosto nas sete unidades, 1.820 munícipes passaram a ter de se deslocar para outros espaços em busca de atendimento. Além da questão do custo extra com o deslocamento e, por vezes com a necessidade de pagar tarifa do transporte coletivo, a superlotação dos demais postos de Saúde é o que mais desagrada.
Para os moradores do Jardim Santo André, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro era referência no atendimento de urgência. Porém, devido ao fechamento do local para reforma, a comunidade precisa se deslocar até o PA (Pronto Atendimento) da Vila Luzita. “Aqui era muito rápido de ser atendido. Já agora. Quando meu neto passou mal, minha filha precisou levá-lo até a Vila Luzita e demorou mais de duas horas para ele ser atendido”, contou a auxiliar de limpeza Judite Côrrea de Araújo, 53 anos.
No Centro de Especialidades 3, localizado na Vila Vitória, o transtorno se dá por conta da falta de aviso. A auxiliar de limpeza Marie Sampaio, 58, só descobriu que o local estava fechado no dia em que foi à unidade para consulta com o cardiologista. “Fiquei surpresa quando cheguei aqui e estava tudo fechado. Fui até a unidade da (Avenida) Ramiro Coleone (no Centro) e consegui passar em um encaixe. Agora só tem agenda para janeiro do ano que vem.”
No Parque das Nações, o operador de máquinas aposentado Damião Berno, 81, precisa usar transporte público para se deslocar até a UBS Centro. “Fecharam para obras, mas ninguém aparece aqui. Minha mulher e eu precisamos pegar medicamento para diabete. Antes, era só andar alguns metros”, lamentou.
Secretária de Saúde se recusa a prestar esclarecimentos sobre andamento das obras
O fechamento das unidades de Saúde para reforma coleciona reclamações. Uma delas se deve ao fato de a Secretaria de Saúde de Santo André ter iniciado o processo sem concluir os estudos para as obras de reforma e adequação dos equipamentos. Na época, a administração sequer havia aberto licitação para contratar empresa para executar os serviços. A equipe do Diário tentou falar com a secretária de Saúde do município, Ana Paula Peña Dias, porém ela preferiu não se manifestar sobre o assunto.
O cronograma de obras do QualiSaúde, que tem como objetivo a modernização dos equipamentos da cidade, mostra que o ritmo das unidades deveria estar mais adiantado.Além de nenhum funcionário ser avistado nas unidades, alguns locais já começam a ter problemas. Na UBS (Unidade Básica de Saúde) Bom Pastor, parte dos tapumes de madeira improvisados foi arrancada. “Desde o dia em que fechou não vemos mais movimentação”, disse o comerciante Francisco Cícero Alves Santos, 70. As outras unidades estão muradas ou com tampumes de madeira.