Cortella contesta premiação de Veja à educação de SP e PR
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Para a revista “Veja”, os governos de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, e de Beto Richa (PSDB), no Paraná, merecem nota máxima nas áreas de educação. As duas gestões tucanas são conhecidas por violentas ações policiais contra professores e estudantes e também por tentativas de fechar escolas sem diálogo.
No último dia 31 de dezembro, a revista divulgou o Ranking de Competitividade dos Estados. Na publicação, os dois governos tucanos foram os mais bem avaliados na área educacional.
O escritor, educador e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Mario Sergio Cortella classifica como “obscuros” os dados do ranking divulgado pela revista. Ele também critica a falta de informações da publicação, que não detalha os quesitos e bloquearia uma análise mais séria sobre o estudo.
“O obscuro dado no ranking colide com a avaliação feita pelo próprio gestor da Educação no estado de São Paulo, demitido depois pelo governador”, disse, ao lembrar de declaração feita pelo ex-secretário de Educação de Alckmin, no ano passado. Herman Voorwald afirmou, em entrevistas, que tinha “vergonha” dos resultados apresentados por SP na educação.
Cortella também relembra fatos que marcaram 2015 e que, caso tivessem sido avaliados, não permitiriam que os governos de Alckmin e Richa recebessem nota máxima na educação.
“Quem tem memória lembra que o governo do Paraná iniciou 2015 espancando professores e o governo de São Paulo terminou 2015 espancando alunos”, afirmou o escritor, educador e professor da PUC-SP Mario Sergio Cortella.
Os exemplos citados por Cortella fazem referência a fatos que marcaram a educação brasileira em 2015, como o massacre contra os professores do Paraná, em abril, pela polícia de Richa.
Em São Paulo, o escritor e educador relembra movimento realizado por estudantes que ocuparam, nos últimos meses do ano passado, mais de 200 escolas estaduais contra a proposta de reorganização escolar, sugerida pelo governo Alckmin em outubro de 2015.
Na prática, a reestruturação proposta pelo tucano separaria totalmente os alunos da rede estadual por ciclo – fundamental I, fundamental II e médio –, acarretando o fechamento de ao menos 92 unidades, superlotação de salas de aula, demissão de professores e possível evasão escolar, por realocar estudantes para escolas longe de casa.
Em protesto contra a medida, estudantes, pais e professores realizaram manifestações nas ruas e ocuparam mais de 200 escolas em todo o estado. Com a mobilização, o governo Alckmin recuou e suspendeu a reorganização no dia 4 de dezembro. No entanto, até esta quarta-feira (6), quatro unidades de ensino continuavam ocupadas pelos alunos.
Segundo a “Veja”, o ranking foi elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a consultoria Tendências e com a Economist Intelligence Unit (EIU), a divisão de pesquisas e análises do mesmo grupo que edita a revista “The Economist”, da Inglaterra.
Deficiência no ensino – A afirmação do ex-secretário de Educação de São Paulo – relembrada por Cortella – é corroborada por dados da última avaliação federal, realizada em 2013. A análise aponta que os estudantes do ensino médio da rede pública paulista estão com três anos de deficiência de conhecimento em matérias como português e matemática.
Para a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), o ranking revela que a revista está desconectada da realidade da educação em São Paulo e no Paraná.
“É Injustificável que dois estados que se notabilizaram por fechar escolas e massacrar professores e estudantes sejam laureados dessa forma. A revista prova que perdeu completamente o senso de realidade e seriedade”, dispara Bezerra.
“No Paraná, o governo tucano de Beto Richa usou de pesado aparato policial para reprimir uma greve legítima dos trabalhadores da educação por melhores condições de trabalho e salário. Foram cenas de horror que chocaram não apenas o Paraná, mas todo o Brasil. E, da mesma forma que no Paraná, outro governo tucano (Alckmin) tratou o movimento legítimo dos professores com indiferença, autoritarismo e repressão”, lembra a senadora.
Fátima é professora e pedagoga. Ela é vice-presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte no Senado Federal. Ela tem forte atuação na área da educação e trabalhou, por exemplo, pela aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE).
O deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP) afirma que o ranking da revista mostra o “distanciamento” da “Veja” com a verdade.
“Indicar generosamente a Segurança e a Educação de São Paulo e do Paraná em ranking reafirma o distanciamento da Veja com a verdade. Os governadores dos dois estados, ambos do PSDB, foram confrontados em 2015 com o descaso de seus governos à Educação e responderam do mesmo modo: usando agentes da Segurança Pública para praticarem terrorismo contra professores e estudantes, com repercussões negativas inclusive internacionalmente”, cita o deputado.