Dr. Rosinha: Período da impunidade
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O pensar político é algo que todo sujeito (político) faz. Os objetos da política, que são muitos homens e mulheres, não pensam, são manipulados e, às vezes, desculpem o exagero, manuseados. Nos tempos atuais, tenho (como sujeito político) pensado a política muito mais que em outros momentos da minha vida e tenho feito isto por pura necessidade. Ou se pensa a política ou se deixa ser manipulado.
Deixa-se ser enganado.
Nos oito anos do reinado de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB e PFL, que depois para se esconder do povo virou DEM, a corrupção era regra e a impunidade, também. Nos últimos anos, a manipulação da desinformação e da política, tenho a impressão, chegou ao máximo. Juízes, policiais, promotores e tantos outros que deveriam investigar e punir os criminosos estão mais preocupados em distorcer a verdade, manipular a informação, que atuar dentro dos parâmetros que a lei impõe.
Fala-se e escreve-se sobre corrupção como se ela estivesse sido inventada na última década, como se fosse coisa inventada por Dilma e Lula. A corrupção no Brasil é antiga, é desde o “descobrimento”. Os portugueses aqui aportaram e junto veio o germe da corrupção, que nunca deixou de ser atuante. No geral, quanto mais rico, mais corrupto.
A imprensa, a direita, os hipócritas, os ignorantes e os imbecis trabalham o tema como se tivesse ocorrido um hiato na história do Brasil, como se a corrupção só não tivesse existido nos oito anos governados por Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Neste curto texto, vou lembrar alguns fatos que a história não apagará, mas parte da população (a direta, os hipócritas, os ignorantes e os imbecis), dos partidos (PSDB, DEM, PPS, PSC e Solidariedade) e da imprensa procuram apagar da nossa memória.
Nos oito anos do reinado de Fernando Henrique Cardoso (FHC), do PSDB e PFL, que depois para se esconder do povo virou DEM, a corrupção era regra e a impunidade, também. Lembro aqui, principalmente para os mais jovens, alguns escândalos.
1) Caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia): Logo no começo de governo de FHC houve uma denúncia de corrupção no valor de US$ 1,4 bilhão. Este caso derrubou dois ministros de FHC, no entanto nunca houve a investigação. E, lógico, sem investigação não há punição.
2) FHC criou o Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer) com o objetivo de “salvar” bancos. Salvar bancos era dar dinheiro para os banqueiros. Este programa, numa decisão política, beneficiou com R$ 9,6 bilhões o Banco Econômico, cujo padrinho e favorecido politicamente foi ACM (Antônio Carlos Magalhães), aquele senador que Heloísa Helena pôs para correr.
Este caso do Banco Econômico ficou conhecido como o caso “Pasta Rosa”. Esta pasta, de cor rosa, trazia o nome de 25 deputados que foram subornados pelo Econômico. FHC mandou arquivar, afinal os deputados eram seus amigos.
3) Em 1997, foi aprovada no Congresso Nacional uma emenda à Constituição brasileira permitindo a reeleição no Brasil. Esta emenda foi patrocinada pelo PSDB e por FHC e, para aprová-la, foi necessário pagar R$ 200 mil a alguns deputados.
É importante lembrar que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL, hoje DEM, foram acusados de terem recebido R$ 200 mil cada um para votar a favor do projeto do governo. Nunca houve investigação. No entanto, ambos renunciaram ao mandato.
O maior feito dos governos (dos tucanos) de FHC foi privatizar (vender) o Brasil. Vou citar só um negócio, o do sistema Telebras. Na época, grampos no BNDES registraram conversas entre Luís Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações de FHC, e André Lara Resende.
O diálogo registrado nos grampos mostra uma articulação para beneficiar, através da ilegalidade, o banco Opportunity, que tinha como um dos seus donos o tucano Pérsio Arida. Só isso aí o valor estimado foi de R$ 24 bilhões.
Em 2001, eu exercia o mandato de deputado federal. FHC e sua turma, pela enésima vez, impediram a instalação de uma CPI para investigar corrupção no seu governo. Na época foram listados 28 casos de corrupção só no período de seu governo.
O secretário-geral do presidente, senhor Eduardo Jorge, foi denunciado várias vezes por corrupção. Nunca foi investigado. Só num caso, o da construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, foi denunciado o desvio de R$ 169 milhões.
O governo de FHC (PSDB) foi o período da impunidade.
Dr. Rosinha é alto representante-geral do Mercosul e ex-deputado federal pelo PT do Paraná