#GovernoAlckmin: “Se nossa escola for fechar, a cidade vai parar”
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Estudantes da rede pública estadual fizeram hoje (15), na capital paulista, uma manifestação contra a “reestruturação” das escolas, proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). O movimento, que vem ganhando força com o mote “Não fechem a minha escola”, reuniu aproximadamente 500 alunos da rede estadual de ensino no Largo da Batata, na zona oeste, por volta das 9h. Após decisão coletiva, os jovens seguiram em passeata, por sete quilômetros, até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, no Morumbi, zona sul.
Ao chegar, estudantes cantavam repetidamente o grito “Se nossa escola for fechar, a cidade vai parar. Se os alunos se unirem, o Geraldo vai cair”. Antes do início das movimentações, policiais militares já estavam no local com cinco viaturas da Força Tática.
Entre os jovens reunidos, esperando o movimento ganhar volume, destacava-se Clara Kaiser. Professora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), ela fez questão de comparecer ao protesto. “Vejo essa reorganização como uma perda. Não é necessário uma escola estar superlotada para se justificar”, disse.
“A existência da escola também significa um espaço cultural, de encontro e atividades sociais. Se essas medidas servirem para economia, as perdas futuras serão muito maiores”, diz a respeito do argumento de racionalização da estrutura de ensino, apresentada pelo governo.
Aos poucos, mais manifestantes foram chegando, alguns com cartazes, bandeiras e tambores. Não eram poucos os que panfletavam informações sobre o fechamento de escolas e coletivos de defesa da educação.
Segurando uma grande bandeira vermelha, que ainda ia guiar os manifestantes durante caminhada até o Palácio, Cauê Borges, estudante secundarista e membro do coletivo Grupo de Estudantes Secundaristas (GAS), disse que o resultado positivo das manifestações contra a reestruturação “depende muito da organização dos secundaristas”.
Para ele, o ato trouxe pessoas engajadas de outras esferas. “Achei este ato muito universitário e não acho que isso seja positivo. Pode deslegitimar o movimento. Os partidos, por exemplo, não estavam dando muita bola e no último ato, que ganhou a mídia, eles apareceram em peso”, apontou em tom crítico o estudante.
Quando os manifestantes tomaram todas as faixas da Avenida Faria Lima, no sentido Avenida Juscelino Kubitschek, alguns, mais exaltados, gritavam que não iam desistir nem pela força policial. Não foi preciso. Os poucos policiais presentes no momento limitaram-se a organizar o trânsito e aguardar a passeata passar.
Quando o grupo chegou à Marginal Pinheiros, pela ponte Eusébio Matoso, os policiais fecharam a pista local e acompanharam em comboio por trás dos manifestantes. Na altura do Jockey Club, onde as pistas local e expressa se encontram, duas faixas ficaram livres para os carros.
Alguns motoristas abriam as janelas e saiam momentaneamente dos carros para ofender os estudantes que caminhavam há mais de três horas sob sol intenso.
Até o momento de chegada no Palácio, não houve confrontos entre policiais e manifestantes. Um pequeno grupo, que seguia na frente dos manifestantes, ao alcançar o destino final, lançou objetos em policiais, que retrucaram com bombas de gás.
O tom geral foi de otimismo entre a maioria. “O governador vai acatar. Os estudantes estão acordando, eles querem acabar com a juventude que não tem condições de estudar em uma escola paga, como os filhos deles. Esse movimento vai crescer. Se escolas fecharem, vamos ocupar a cidade”, disse Marcela Nogueira dos Reis, que completou com um questionamento: “Onde estão as panelas agora”?
Por Rede Brasil Atual | Foto: Sérgio Silva