#GovernoGrana: Santo André fechará parceria inédita para captação de córneas no CHM
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Santo André será a primeira cidade do ABC a integrar a rede do BOS (Banco de Olhos de Sorocaba), principal captador de córneas no Estado de São Paulo e o que mais realiza transplantes no País. A parceria, ainda em negociação com a Prefeitura de Santo André, se dará por meio do CHM (Centro Hospitalar Municipal), na Vila Assunção, que também investe na área de doação de órgãos e tecidos. No município, atualmente são 58 pessoas na fila de espera por um transplante de córnea – 10.386 no Brasil.
“Com a parceria concretizada, conseguiremos aumentar expressivamente o número de córneas captadas pelo hospital”, afirmou o diretor do CHM, Antonio Souto Tiveron, durante o terceiro Simpósio de Doação de Órgãos e Tecidos de Santo André realizado nesta segunda-feira (5/10), no auditório do equipamento público referência dos casos de traumatologia e neurocirurgia, principalmente de vítimas de trânsito.
Desde 2013, quando o CHM introduziu o serviço para viabilizar a doação de órgãos e tecidos, a captação de córneas só ocorre quando o paciente tem o diagnóstico de morte encefálica – interrupção irreversível das atividades cerebrais, causada mais frequentemente por traumatismo craniano, derrame ou tumor. A unidade andreense faz a notificação do óbito e a captação múltipla dos órgãos ao Instituto Dante Pazzanese, hospital paulistano referência ao CHM nesta área.
A parceria com o Banco de Olhos de Sorocaba, neste caso, possibilitaria a captação de córneas no CHM também dos outros tipos de mortes – casos de coração parado por até seis horas, ou seja, não necessariamente apenas por morte encefálica. Na década de 1990, segundo Tiveron, o Centro Hospitalar chegou a realizar transplantes, iniciativa que não está mais nos planos da Secretaria de Saúde. “Nossa proposta é investir na captação das córneas”, reforçou o diretor, que também é médico.
O projeto será apresentado nos próximos dias ao secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, favorável a parceria – a data ainda não está fechada. Antes, detalhes jurídicos estão sendo discutidos para celebração do convênio de cooperação técnica com o Banco de Olhos de Sorocaba, que realiza 500 doações por mês no Estado. A equipe de profissionais da CIHT (Comissão Intra-Hospitalar de Transplante) passará por treinamento.
O que foi confirmado pelo enfermeiro Hudson Vergennes, coordenador do Banco de Olhos de Sorocaba. “Queremos que a fila volte a zerar no Estado como ocorria em 2008, quando em 15 dias a pessoa conseguia realizar o transplante. Para isso, toda parceria é muito importante e bem-vinda”, afirmou o profissional. Hoje, a espera tem sido em torno de nove meses. Vale ressaltar que uma doação pode devolver a visão para até quatro pessoas.
Em 2014, dos 4.659 transplantes de córneas no Estado de São Paulo, o Banco de Olhos de Sorocaba – Hospital Oftalmológico realizou 1.694. Neste ano, até agosto, foram 1.370 procedimentos, dos quais, 1.182 executados pela instituição referência no País e 188 no Hospital São Paulo, gerido pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Pela legislação brasileira, a doação de órgãos e tecidos só é permitida após a morte, com a autorização dos familiares. Neste sentido, o Cartão do Doador representa o desejo da doação em vida e uma forma de a família se conscientizar. “Um gesto simples e que pode dar a oportunidade de pessoas enxergarem”, apontou o coordenador do Banco de Olhos de Sorocaba, cidade que tem taxa de doação entre 70% e 80%. A rejeição gira em torno de 5%.
Na região, a instituição sem fins lucrativos, localizada em Sorocaba, interior do Estado, possui parceria com funerária instalada em São Caetano no trabalho de captação de córneas.