Lindbergh e Delcídio rebatem discurso de ocasião de Aécio sobre Caracas
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Provocados por mais de duas horas seguidas de chorumela oposicionista na tarde desta terça-feira (23), os senadores petistas Lindbergh Farias (RJ) e Delcídio do Amaral (MS) demonstraram que alguns colegas estavam tentando transformar uma missão desastrosa por inabilidade política em crise institucional. Em aparte ao tucano Aécio Neves – o quarto parlamentar a discursar da tribuna de honra sobre a viagem a Caracas, capital da Venezuela –, os petistas cobraram uma atuação menos “incendiária” em relação a uma nação já vive em ebulição política.
Como líder do Governo no Senado, Delcídio garantiu que “todos os esforços serão empreendidos pelo Itamaraty para esclarecer o ocorrido”. Entretanto, observou que é preciso tomar cuidado para o episódio não assuma uma “dimensão absolutamente desnecessária” e comprometa a relação entre os dois países. “A Venezuela é um país muito importante para o Brasil, em função dos investimentos, das trocas comerciais e da própria história cultural que nos aproxima e não nos distancia”, ponderou.
Delcídio fez questão de reportar aos senadores da oposição que, imediatamente após tomar conhecimento da frustração deles em relação à oitiva, entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Na conversa, o chanceler detalhou todos os procedimentos para garantir o êxito da viagem, desde o fornecimento de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), a autorização para o pouso em Caracas, a recepção na alfândega, o transporte e o policiamento na Venezuela.
Inverdades
Também retomando os preparativos da viagem, o senador Lindbergh Farias pediu a palavra para desconstruir “algumas das inverdades faladas”. A maior delas, segundo ele, diz respeito ao fato do Embaixador do Brasil na Venezuela, Ruy Pereira, ter supostamente desaparecido. “Ficou comprovado que o embaixador tinha se reunido, no dia anterior, com o assessor da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Saboia, e dito que não estaria na comitiva em atenção à diplomacia brasileira”, elucidou Lindbergh.
O embaixador brasileiro em Caracas cumpriu rigorosamente o protocolo previsto em tais ocasiões. A não ingerência nos assuntos internos de um país é um princípio básico da diplomacia que não é nem de direita, nem de esquerda.
Lindbergh também negou que a Venezuela havia negado pouso ao avião dos senadores brasileiros e rebateu as críticas ao tratamento dado pelo governo brasileiro à crise política venezuelana. “O clima na Venezuela é de radicalização política. A última coisa que interessa ao Brasil, à Venezuela e à América Latina é que a Venezuela entre em guerra civil. A postura do Governo brasileiro está sendo uma postura de conversar com a situação e com a oposição”, observou o senador, respaldado por uma entrevista cedida por Henrique Capriles, candidato derrotado à Presidência por uma margem pequena, ao jornal Folha de S.Paulo, no último domingo (21).
Na entrevista, Capriles destaca a importância do governo da presidente Dilma Rousseff em lhe garantir o direito de comparecer a reunião de chanceleres e opositores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em março.
Lindbergh Farias ainda alertou os pares de “estarem se aliando a um grupo que de democratas não têm nada”, cujo líder Leopoldo López foi, dentre outras coisas, um dos signatários do decreto do golpe de Estado a Chávez e do fechamento do Congresso Nacional. Observou o petista que a situação é “muito mais complexa” e por isso ele participará de uma nova comitiva de parlamentares que irá a Venezuela, para conversar com todos os lados possíveis e “atuar como bombeiros, não acirrar os ânimos, não acirrar crise”.
Fonte: PT noSenado