Se a culpa é da chuva, como falta água em São Paulo e não falta luz no país?
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Alguns setores da grande mídia estão alardeando há dois anos o risco de um apagão elétrico que não chegou, ao contrário do que aconteceu em 2001 com Fernando Henrique. E nem chegará. Enquanto isso, a mesma mídia varre o problema da falta de água em São Paulo para debaixo do tapete, chegando a noticiar que o racionamento é bom para conter a inflação (???) Nós estamos passando por uma seca. Logo, deveria faltar água e energia. Como explicar, então, que o país esteja plenamente abastecido no setor elétrico, enquanto São Paulo vive da água de volume morto? Seria ótimo para o governo do estado culpar alguma espécie de inclinação política de São Pedro, mas essa diferença de gestão está baseada no pilar do planejamento. Enquanto o governo federal investe pesadamente em expansão e infraestrutura, o governo de São Paulo ficou vendo a banda passar. Podemos apontar, primeiramente, o Sistema Interligado Nacional (link is external)de produção e transmissão de energia elétrica do país. Um sistema único no mundo, hidrotérmico, com grande participação de usinas hidrelétricas, que atende a 98,3% da energia requerida no país,conectando Norte, Sul, Leste e Oeste. Além do SIN, temos os investimentos no setor gerados pelo PAC 2, que aumentaram em 10,2 mil megawatts (link is external) na capacidade do parque gerador brasileiro. Também temos o Programa Luz Para Todos (link is external), lançado em 2003 pelo governo federal, com investimentos que chegam a R$ 22,2 bilhões e a meta de levar energia elétrica a milhões de pessoas no meio rural. E, como se não fosse o suficiente, o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, afirmou que nós temos (link is external)hoje 5.500 MW de sobra estrutural para atender à carga prevista. Isso significa que a gente tem energia de sobra para 2014. “As condições de abastecimento do país estão asseguradas”. Lembrando que, desde o ano passado, as tarifas de energia elétrica (link is external) foram reduzidas no Brasil inteiro, mesmo com a falta de chuvas. Não vai ter apagão, minha gente. Fim de papo. Enquanto isso, em São Paulo, o vice da chapa do presidenciável Aécio Neves alega que (link is external) “a presidente quebra onde ela vai. O que ela fez com o setor elétrico é barbaridade”. É mesmo, Senador Aloysio Nunes? Vamos ver o que o governo do seu partido fez com São Paulo? Hoje, o sistema da Cantareira, responsável pelo abastecimento de água de 9,8 milhões (link is external) de paulistas opera com 17,7 de volume (morto) armazenado – contra 55% no ano passado – e as reservas do Alto Tietê com 23,2%, também prestes a secar. Ah, Muda Mais, mas a culpa é de São Pedro, que não manda chuva. Então, poderia ser, mas não. Relatórios da Sabesp (link is external), de 2009, já apontavam a vulnerabilidade em que se encontrava o sistema. E o que o governo de São Paulo fez para sanar o problema? NADA. A última obra de que se tem conhecimento, com o custo de R$ 80 milhões, foi para aproveitar o volume morto, anunciado pelo governador com grande festa (link is external). Segundo o coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental (link is external)(FNSA), o olhar exclusivamente mercadológico da Sabesp sob comando tucano é o grande responsável pela situação vivida por São Paulo hoje. Nos últimos dez anos, a empresa lucrou mais de R$ 13 bilhões líquidos e distribuiu R$ 4,3 bilhões entre seus acionistas. A distribuição do lucro anual da empresa, que deveria gerar em torno de 25%, nunca ficou abaixo dos 26,1%, desde 2002. Fonte: Muda Mais